Sexo e a Igreja


Sexo e igreja são duas palavras que não se misturam há muito tempo. Geralmente você não vai ouvir as duas palavras numa mesma roda de pessoas. Na mentalidade popular é uma separação tácita. Muitos teólogos de outrora demonizaram o sexo e, desde então, a sexualidade do cristão sofre um terrorismo sem igual.

Mas, até onde sei, há alguns anos, falar de sexo ainda configurava uma grande indiscrição e falta de polidez por parte de uma pessoa. Pais não conversavam com seus filhos sobre sexo. Na escola não havia abertura para instruir a criança quanto a sexualidade sadia. De certa forma, havia muito pouca liberdade de expressão e conduta quando o assunto era sexo. Então, até esse ponto é injusto acusar a igreja de displicência em relação a tal temática, visto que a própria sociedade onde está inserida não avançava nesse sentido.

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Contudo, os tempos são outros e o sexo lateja no imaginário popular. Praticamente não existem mais antigas restrições e normas de conduta ultrapassadas nos nossos dias. Tal cenário, no entanto pinta uma sociedade sexualizada e sexual. A liberdade é boa, mas, infelizmente junto com ela vem a imaturidade e a leviandade. As pessoas tendem a não enxergar os limites quando estes não tem seu escopo bem definido. O sexo está em todo lugar. Na rua, em casa, na escola, no trabalho, na faculdade e, queira-se ou não, na igreja - leia-se nas pessoas que estão na igreja... onde quer que estejamos, não importa o contexto, o sexo está lá. Mesmo num mosteiro isolado e solitário, a libido não será alienável e passiva de esvaecimento. O desejo sexual é inerente à alma, ao corpo e, porque não, ao espírito.

Pais tratam com maior fluência sobre sexo com os filhos do que um dia seus pais trataram com eles próprios. A idade de iniciação sexual é cada vez menor e o índice de gravidez na adolescência também cresce preocupantemente. As doenças venéreas alargam-se e alastram com rapidez. As várias modalidades de atração sexual tornam-se cada vez mais expansivas. A banalização do sexo leva a imagem da mulher como artifício de prazer. Muitas mulheres já não se sentem ofendidas e incomodadas com isso. Tudo isso é fruto dessa sociedade desenfreada e de costumes libertinos.

Podemos perceber essas características no nosso dia-a-dia. É quase impossível assistirmos televisão sem sermos convidados a nos excitar. A sensualidade emerge desde a cena de um simples comercial de cerveja até a quase explícita demonstração de sexo nas novelas. E nem citei os canais privados para adultos... Na rua, com certeza, você irá encontrar um grande outdoor exibindo uma "gata" apetecente só para chamar sua atenção a determinado produto - geralmente nem me lembro do produto divulgado. No trabalho os colegas geralmente, quando oportuno, parecem não saber conduzir outra conversa que não seja sexo, cerveja e futebol. A pornografia tem conquistado a cada dia, maior alcance na vida das pessoas respaldada pela projeção da internet. E, claro, em tempos de BBB fica muito mais evidente do que as pessoas gostam na hora do entretenimento: sexo, mesmo que não sejam elas a praticarem.


É nesse ponto que podemos apontar a igreja por desleixo. Porque no que a sociedade avançou com a Revolução sexual, transformando a mentalidade rígida numa mentalidade libertária - ou libertina -, a igreja estacionou no tempo e parece não saber mais se encaixar de forma relevante. A igreja não consegue acompanhar as rápidas mudanças que ocorrem no modo de pensar de cada indivíduo. Há muito ela perdeu o fio da meada, fazendo com que o legalismo seja uma opção segura na tentativa de ser uma pilar de moral para a sociedade onde está.


Quando o assunto é sexo a igreja adota uma postura cínica, retrô e de importância ínfima para a comunidade. Ela busca esconder sua incapacidade de comunicar à nova geração. Tenta camuflar seu despreparo por meio de um discursso arrogante e presunçoso. A igreja não sabe falar de sexo porque há muito já excluiu o sexo como parte essencial do ser cristão. Essa postura parece dizer que para você tornar-se membro da igreja é necessário que deixe de ser sexuado. É imprescindível que reprima sua sexualidade. Essa ideologia é ofensiva e desrespeitosa para com um indivíduo criado à imagem e semelhança de Deus e, originalmente criado para transar e povoar a terra.



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